sábado, 1 de março de 2008

Koji e a Flor de Cerejeira (Parte 1)

Boa tarde pessoas!

Faz muito tempo que não posto, eu sei, e ainda estou de férias, eu sei, mas foi tudo por uma boa razão. Estive escrevendo um conto nas últimas duas semanas. Foram 13 dias escrevendo, e acabou ficando um conto longo, mas eu não podia fugir do projeto inicial, não podia cortar partes, então é isso mesmo. Bom, como ele tava ficando longo, acabei decidindo separá-lo em 2 partes, e mais tarde decidi separá-lo em 4 partes. E para não ficar posts muito longos, decidi postar ele em partes mesmo, uma em cada post. Dessa forma, nesse post estou postando a primeira parte do conto.

O conto se passa no Japão e o nome dele é Koji e a Flor de Cerejeira, e eu coloquei alguns elementos culturais japoneses no conto, para dar um pouco de arte para a história. Depois de colocar as 4 partes eu explico alguns desses elementos que coloquei. De qualquer maneira, não prejudicarão a leitura. O conto tem uma pequena introdução, citando Stephen King. Espero que gostem, porque foi feito com muito, muito carinho. Leiam e comentem. E espero que quando terminarem de ler a última parte, convençam-se de que os fins justificam os meios.

Abraço!

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Koji e a Flor de Cerejeira

Alex de M. Machado




Mas ka é a roda à qual todos nós estamos amarrados e quando a roda gira temos de forçosamente girar com ela, primeiro com as cabeças erguidas para o céu, depois girando de novo para o inferno, onde os miolos dentro das cabeças parecem ferver.
A Torre Negra VII – A Torre Negra
Stephen King


Parte Um
Boa noite, durma bem e cuide-se



O tempo nublado e álgido de uma época que estava mais para fim de inverno que para início da primavera combinava impecavelmente com os acontecimentos que iriam se suceder nos próximos nove meses. Uma tempestade de pensamentos rondava sua cabeça e o levava para longe do frio, do vento, da noite que se aproximava. O mundo a sua volta estava agora em segundo plano. Não percebia nem a forte ventania jogar seus cabelos negros por cima do rosto, tapando toda sua visão.

Ele estava já há quinze minutos ali parado, há poucos metros da cabana que ele havia ajudado a construir no verão passado. Não sabia quando nem se algum dia veria novamente essa cabana e quem estava dentro dela. E tudo por causa da maldita guerra. Por que ele precisava ir? Por que a guerra havia de existir? Se não fosse pela guerra, tudo seria melhor. A vida seria perfeita. A paz seria eterna, pelo menos para ele.

Foi obrigado a rir. Conhecia muito bem a si mesmo para perceber sua mania de sempre colocar a culpa nos outros. Ele não sabia muito bem que se realmente quisesse poderia fugir com sua amada e viver feliz para sempre? Mas, então, por que não o fazia? Nem ele mesmo sabia. Ou talvez soubesse e escondesse de si mesmo.

Deu mais alguns passos e chegou à frente da singela porta da cabana. Do que adiantava ficar pensando em todas essas coisas agora? Estava com saudades dela. Oh, e como! Ela ouviu seus passos e veio abrir a porta. Estava linda, como sempre. Ele a abraçou com tanta paixão que pensou se não estaria asfixiando-a. Sentia seu perfume, sua testa se encaixando perfeitamente embaixo do seu queixo e sua respiração aquecendo seu pescoço. Além de seu coração quase sair pela boca, tudo o que ele sentia era uma vontade quase insuportável de beijá-la.

Mas ela se desvencilhou dele antes que ele pudesse mexer um músculo. Quanto tempo ele havia ficado ali imóvel? Parece ter sido uma infinidade. E nem por isso parece ter sido o suficiente. Ela o pegou pela mão suada e o levou para dentro. Deitaram-se ao lado da lareira sem se desgrudar e ficaram ali abraçados por muito tempo antes que algum deles dissesse qualquer coisa.

Ambos estavam serenos, com olhares distantes. Como ele queria acabar com tudo isso e fugir com ela. Por que não? É claro que ele sabia o porquê. Preocupava-se com sua imagem diante de sua família e de todos do vilarejo. Apenas isso. Mas, ela não era mais importante que todos eles unidos? Será que ela estava pensando nisso também? Será que estava se perguntando também a razão de ele não ter fugido com ela ainda? Será que ela se perguntava se realmente ele a amava?

“Eu a amo”, disse ele falando pela primeira vez, quebrando o silêncio.

Ela olhou nos seus olhos, sorriu e começou a acariciar seus cabelos.

“Também o amo.”

Ele aproximou mais seu rosto do dela, deu um beijo na ponta do seu nariz, subiu um pouco e deu outro na sua testa. Ficaram ali em silêncio mais algum tempo, até ele se levantar.

“Não, fique mais um pouco. Ainda está cedo.”

Ele a princípio nada disse. Ficou de frente para ela, olhando-a deitada no chão.

“Já anoiteceu há muito tempo”, disse ele com toda sua mágoa estampada no rosto.

“Está bem”, respondeu ela, e também se levantou. Foi até a porta e a abriu. Tinha chegado a hora e as lágrimas começaram a cair. Porém, sorria. O sorriso bobo que ele tanto amava. E mais uma vez a impressão foi de que o tempo ali juntos havia sido insuficiente. O tempo passou, voando mais rápido que o vento lá fora. E agora já estava na hora dele partir.

Passou pelo umbral da porta e virou-se para um último beijo. E foi o menos memorável dos beijos. Ele tentava não olhar para seu rosto, porque odiava vê-la chorando, e ela mal conseguia suportar a partida daquele homem que ela conhecera ainda menino e que era, acima de tudo, o maior amigo que ela já havia tido ou que ainda teria nessa vida, independente do que o destino estivesse guardando para os dois.

Acariciou os cabelos dela uma última vez. Última vez em quanto tempo? Ele esperava que em muito pouco tempo.

“Boa noite, durma bem e cuide-se.”

“Você também”, respondeu ela enquanto ele limpava suas lágrimas com o polegar.

Enfim, virou-se e foi caminhando pela estrada, sem olhar sequer uma vez para trás para ver se ela ainda estava na porta. Não queria guardar a imagem dela chorando, e sim a imagem dela sorrindo deitada com ele. De todas as vezes que ele havia ido à sua cabana, essa fora de longe a visita mais silenciosa. E de fato não havia muito que dizer. Ambos já tinham pleno conhecimento de toda a situação e já aguardavam por aquela despedida há semanas. Mas, sempre havia uma esperança de que tudo fosse se resolver e de que ele não fosse convocado a ir para a guerra.

Estava apreensivo enquanto caminhava pelo caminho. A lua já estava alto no céu e nuvens passavam por ela em grande velocidade, tapando sua luz e escurecendo a estrada de vez em quando. O vento ainda estava forte, mas agora batia de frente no seu rosto, jogando os cabelos para trás, como se quisesse dizer para ele não continuar caminhando por aquele caminho, que não seria uma boa idéia, pois uma derrota o aguardaria em alguns meses.

Afastou esse pensamento pessimista e acelerou seus passos.

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Alex responde:

Cecilia, não é bem isso que eu quis mostrar com meu post do Tapa, da Fuga e da Lágrima. O tapa é quando não esperamos coisas e elas chegam sem avisar, como um tapa. A fuga é quando você foge, por exemplo, de uma pessoa, não querendo ver ela na sua frente, e vai para um lugar longe dela, e aí do nada você a encontra lá. E a lágrima é você concluir que gostou de levar o tapa, concluir que sua fuga foi inútil, e que no fundo você adorou ter visto aquela pessoa no tal lugar. Dá vontade de chorar. Bom, não sei se você me compreende. De qualquer maneira, utilizei de exemplos. Eu não fugi de ninguém não.

Jana, o meu primeiro livro será dedicado a você sim, em especial, por ter lido os primeiros capítulos do meu livro e ter dito que estava muito legal só para mim não ficar mal. :)

Cecilia, os vencedores são votados por uma instituição responsável, chamada National Academy of Recording Arts and Sciences. Eles que escolhem os vencedores. E sobre as atitudes dela, eles não premiam as pessoas por suas atitudes, e sim por sua música. Então se ela não usasse drogas nem bebesse, não iria receber nem mais nem menos prêmios. O que eu não concordo é que a música mesmo dela não me cativa muito, e ela recebeu 5 prêmios, o que é uma quantidade enorme.

Jana, espero que tenha gostado das fotos do bebê, e ano que vem ela ganha de melhor mãe sim uhauhahuhuahua.

Luis, sim, ela foi bêbaba ao EMA, uma coisa horrível de se ver.

2 comentários:

Ceci disse...

Bom, eu já tinha falado que gostei do conto no MSN, mas eu vou falar de novo aqui porque é a minha obrigação!!!
E, como acabei de te comentar, eu não gosto fazer coisas por obrigação, mas acho que tem formas distintas de estar obrigada jajaja.
Bom, achei bonito, é uma história bem contada e tem os detalhes precisos para se imaginar a cabana e tudo o que fica ao redor dos personagens.
Percebi aquilo do cabelo comprido do menino que vai para a guerra mas, como você falou que os japoneses são assim mesmo eu fico tranquila jajaja.
Eu acho que você sabe escrever histórias muito bem, de fato deve ser porque lê muito e por isso vai aprendendo os segredos dos escritores, e dos que são bons!!

Ah! falando do Alex responde!!... pude notar como podemos entender de jeitos completamente diferentes o que se lê do que se escreve... e é verdade, não é ruim isso, só mostra quão diferente somos uns dos outros, em todo sentido.

É isso!!
Beijo!!

Anônimo disse...

LOL
Acho que vou deixar os comentários pra Spell.
Aliás, dentro de alguns minutos estará lá meus humildes dizeres.

De qualquer forma, já fica um parabéns prévio pelo trabalho ;)

Abraço.

P.S.:Deve ter sido a visão do inferno...Ainda que, talvez, Dantesco.